sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Voz do poloEnviado por Redação 25/7/2010 20:17:52


Com o anúncio, feito pela Petrobras, de que o projeto original do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) será duplicado, autoridades dos municípios do Consórcio Intermunicipal da Região Leste Fluminense (Conleste) se pronunciaram a respeito das consequências desta nova determinação. Alguns veem pontos positivos com este novo cenário. Já outros são mais céticos e destacam os cuidados para que a região não se favelize. Cobram, ainda, mais investimentos e atenção da estatal.

O presidente do Conleste, Carlos Pereira, reclama que a mudança foi feita sem que os municípios fossem consultados.
“As coisas aconteceram sem nenhuma consulta. Quando vimos, tudo já estava decidido. Nós temos muitas barreiras a serem vencidas e precisamos que a Petrobras nos dê apoio”, cobra Carlos Pereira, que é prefeito de Tanguá.

O diretor geral do consórcio, Álvaro Adolpho Tavares, reforça que também não foi comunicado oficialmente e pondera:
“Tive a informação desse novo projeto através dos jornais. Não fui informado oficialmente. Temos que aguardar para saber se o estudo de impacto ambiental do plano anterior foi alterado. Só depois vamos poder avaliar os efeitos”.

Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a demanda crescente por combustíveis, tanto internamente quanto no exterior, justifica a projeção de aumento da produção.
“Não vislumbramos risco de inexistência de mercado para a produção crescente de petróleo. Ao contrário, haverá um desafio de crescer a produção para atender à demanda”, afirmou Gabrielli.

Para o secretário de Trabalho de Teresópolis, Marcos Ferreira dos Santos - município que já foi aceito pelo Conleste e aguarda aprovação da lei na Câmara Municipal -, a duplicação do projeto é uma possibilidade de aumento de empregos, com a chegada de novas empresas.

“Com essa duplicação, obviamente, tudo vai ser em dobro em relação ao projeto inicial. E eu vejo a possibilidade de mais oportunidades profissionais. Se terá mais atividade no Comperj, mais empresas vão chegar na região. Dentro das potencialidades do nosso município, estamos capacitando as pessoas nessas áreas que vão se expandir, como gastronomia e hotelaria. Agora, com certeza, essa nova fase vai trazer mais transtornos. O impacto vai ser maior: tanto ambiental quanto social. E é por isso que acredito que a Petrobras tem que dar mais apoio aos municípios para que tenham mais estrutura”, destaca o secretário.

Segundo o prefeito de Itaboraí, Sérgio Soares, quanto à preparação em termos de infraestrutura, a cidade conta com a participação de investimentos dos governos estadual e federal, conforme acertado na cerimônia de lançamento do Comperj.

“Lula e Cabral discursaram afirmando que iriam investir pesadamente em infraestrutura em Itaboraí e municípios vizinhos. Os investimentos ainda não aconteceram de forma pontual, mas o município aguarda e tem apresentado projetos. Principalmente na questão de infraestrutura, como a população vai crescer ainda mais, uma das principais preocupações é com o fornecimento de água e o tratamento do esgoto. Serão necessários R$ 281 milhões para fazer toda a rede de esgoto na cidade.

O representante da Secretaria de Obras de Itaboraí, Márcio Chaves, disse estar cauteloso.
“Quanto aos impactos com a duplicação do Comperj, é necessário que sejam apresentadas, oficialmente, à Prefeitura, as novas demandas (caso existam) e o projeto de duplicação pela Petrobras, para que a municipalidade possa avaliar os próximos passos a serem dados. A partir de então, poderemos ver as mudanças que serão necessárias ao Plano Diretor, até porque quando ele foi confeccionado, já se sabia da construção desse empreendimento”, explica.

Com tantas mudanças iminentes e algumas já em andamento, a necessidade de adaptações do plano diretor dos municípios se torna ainda mais necessária. De acordo com Álvaro Adolpho, a Universidade Federal Fluminense (UFF) fez uma revisão sobre o plano diretor de cada cidade.

“A UFF fez uma revisão dos planos diretores de 11 municípios, já que, na época do estudo, ainda era esse o número de integrantes do Conleste. E com essa revisão, foram apresentadas sugestões e encaminhadas às cidades, que são soberanas para decidirem o que implica e o que não implica”.